sexta-feira, 12 de abril de 2013

C L i C a r

Muito interessante uma reportagem que li recentemente, no site da Revista “Carta Capital”. O título me interessou “Clicar, em vez de viver, tornou-se norma”. A reportagem fala de um projeto criado pelo fotógrafo Fábio Seixo, chamado Photoland, que busca refletir de que modo o ato de fotografar se tornou mais importante do que a vivência. Segundo o fotógrafo, as pessoas estão fotografando não mais para guardar o momento, mas para esquecer.

Hoje, existe uma febre de compartilhamentos ligada às redes sociais. As pessoas planejam viagens já pensando nas fotos que irão postar durante a viagem e quando voltarem da viagem. Viajar é sinônimo de cobrança por fotos. Se você não posta, parece que não viajou. Não se registra fotos para se guardar, mas sim, para serem mostradas nas redes e mais ainda, para serem curtidas.

A experiência pessoal de viajar e desbravar, ficou quase invisível por trás das lentes das cameras e das redes sociais. As pessoas não perguntam mais como foi a viagem. Elas vêem uma foto na rede social, curtem e pronto. Traduzem elas mesmas a visão da sua viagem. A comunicação está ficando escassa. Eu digo, aquela comunicação antiga... de telefonemas, de marcar pra se ver e contar as novidades ... eu digo novamente, a comunicação com voz!

Hoje, viver é fotografar! Ser curtido é estar sendo ouvido e visto. Existem novas regras e valores no mundo virtual, que na verdade eu não entendo muito bem, porque eu nunca mergulhei nele por completo. E voltando as fotos... eu concordo com o fotógrafo, estamos fotografando para esquecer.

Este texto me fez lembrar de um vídeo que assisti compartilhado nas redes sociais, onde o professor de Matemática Gustavo Reis, em uma palestra sobre Inovar na Educação fala da relação entre zero e infinito. Que muitos acham que eles são opostos, mas não, eles estão muito próximos. Cada vez que tendemos ao infinito nos aproximamos do zero.

E o fotógrafo Fábio Seixo, autor do projeto Photoland confirma esta teoria dizendo:
“Quando você fotografa muito, o excesso de imagens gera um ruído e anula qualquer possibilidade de memória por causa da quantidade. Assim, quanto maior seu arquivo pessoal, menos sentido ele faz.” 

Quanto maior o número de fotos mais elas tendem ao infinito e assim, mais próxima de zero se aproximam as nossas lembranças pessoais...

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